sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Harmonia

O ribeirão, num crescendo,

chega ao mar,

se arremessa em choque, e...

Ironia!

O turbilhão anuncia e

faz gerar

a harmonia.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Ainda às voltas com o Tempo

Ainda às voltas com a questão do tempo, deparo com os instigantes comentários de três mulheres especiais: Camila, Eugênia e Maristela, postados na matéria escrita no último dia 8, que intitulei Tempo de Kairós.

Camila, que infelizmente não tenho o prazer de conhecer pessoalmente, mas por quem já nutro admiração, me alerta sobre as “cobranças por toda parte” que inadvertidamente revelo ao me desculpar por não poder imprimir ao blog a dinâmica que lhe é (ou deveria ser) própria. Em poucas palavras, faz uma análise muito apropriada de meu post – apesar de, humildemente, declarar que espera conseguir “interpretar de forma correta”. De fato, a nova, que já se faz querida, leitora, detecta um paradoxo essencial: se, por um lado, há “vontade de fazer tudo”, por outro, há o reconhecimento de que “tudo tem seu tempo”. Encontrar esse equilíbrio é exatamente a proposta.

Eugênia, cujas observações sempre acrescentam sabedoria ao que escrevo, fala em esperança num “tempo que se faz redondo” e, em sua generosidade nata, me incentiva sempre a continuar. Com a competência despretensiosa que caracteriza seus escritos - blogueira, advogada e palestrante que é -, toca numa questão transcendental: o tempo, que acreditamos sequencial, visto como um círculo a fechar-se em si mesmo. Espiritualizada, entrevê Orobolos, a “cobra que se devora a si mesma” e, com simplicidade, nos remete aos mais profundos ensinamentos esotéricos. Alquimia Pura.

Maristela, que carinhosamente apelidei de “jornalista milagreira”, acrescenta importante reflexão: a de que nossos escritos possam existir num outro plano e, portanto, “vencem o tempo” que, aliàs, de acordo grandes estudiosos da Física e da Química – ela cita o prêmio Nobel Ilia Pregogine -, talvez sequer exista. Enfim, seja apenas uma convenção imaginada pelos seres humanos para agregar sentido às suas concepções de vida ou mera dimensão que ora atravessamos, seja um deus ou um demônio, seja eterno, passageiro ou infinito, o fato é que não podemos permitir que o Tempo nos devore (como Chronos).

Neste exato momento (do tempo?) em que minha imaginação está prestes a viajar nas asas de Kairós, minha sábia conselheira Dona Nena intervém: “Filha, já ‘viajou' o suficiente por hoje. Agora ponha os pés na Terra e dê um tempo ao tempo e a seus(as) leitor@s, antes que lhes esgote o tempo e a paciência”. Obedeço.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

2010 - Tempo de Kairós

Hoje, sou alertada por minha conselheira Dª Nena, logo ao acordar: - “Vamos nos organizar? Acho que está havendo um ruído de comunicação. Não somos eu e o blog a precisar de férias, é você. Como incentivar o diálogo, mola mestra d@s blogueir@s, se não consegue fazer a sua parte? E digo mais, não se assoberbe, para que não se “abafe” a inspiração. Delegue funções, divida preocupações. Aprenda a dizer não, inclusive a você mesma”.

Envergonhada, percebo que estou entrando no “jogo do tempo” e, como sempre fazemos quando apanhad@s em flagrante, tento me defender: - “É o tempo que está acelerado e eu tenho que correr atrás, para dar conta do recado.” - “Você se esquece”, responde calmamente a sábia senhora, “que o tempo é apenas uma dimensão pela qual estamos passando? De que adianta correr atrás de algo que se desfaz em si mesmo?”.

Tento desarquivar da memória ensinamentos ancestrais. Não é a Cronos (o tempo sequencial, “tempo dos homens”) que devemos reverência, mas a Kairós, (o tempo qualitativo, “tempo divino”) aquele que tem asas nos pés e nos permite “saltar” sem atropelos por entre as vicissitudes e alegrias do cotidiano. Oh, Mitologia abençoada, porque te subestimamos?

Celebrações, tempestades, apagões, viroses, projetos a implantar, matérias a editorar, prazos de compromissos pré-assumidos a se esgotar (e a nos esgotar) levaram-me a impôr ao blog, um silêncio forçado nas últimas semanas. A mente, dispersa entre tantos clamores, não permite que a inspiração se manifeste com plenitude e esta, asas cortadas, somente se detém nas circunstâncias ou se recolhe, a aguardar oportunidade de expressão.

Entregar-se inteiramente a cada trabalho, a cada pessoa, a cada momento, é uma arte a ser exercitada na busca da excelência. E embora haja uma conecção entre tod@s, cada um(a) deve ser cuidad@ de per si, como se únic@ fôra. Somente assim a memória, a observação, a experiência e a inspiração se aliam e se alinham para que cada assunto, cada compromisso, permeado pelo Amor, flua a seu tempo, o tempo de Kairós.