segunda-feira, 17 de maio de 2010

Trabalho Voluntário

Toda ação humana requer algum tipo de esforço, de vontade, de construção. Seja físico, intelectual ou artístico, o fato é que o trabalho faz parte do cotidiano de, praticamente, todos os seres humanos, embora seja dito a bem da verdade, que algumas pessoas trabalham bem mais do que outras.

Construir uma vida, uma família, uma empresa, um clube, requer muita dedicação, num trabalho constante de amor e, nesse sentido, o Dia do Trabalho – em que pese a importância das reivindicações trabalhistas - poderia hoje também ser visto como uma espécie de celebração do próprio viver, uma homenagem aos homens e mulheres de todos os quadrantes, que anônima e heroicamente formaram a Cultura e a História humanas.

A luta pela sobrevivência que, de uma forma ou de outra, nos envolve a todos, não pode ser o único sentido da vida. Doar-se, num trabalho de amor desinteressado – a par do merecido descanso e lazer que todos merecemos –, visando melhor qualidade de vida para todas as pessoas, é doar a si próprio um novo sentido para o viver. Esse o porquê do Trabalho Voluntário.

Trabalho cansa, mas não estressa. O que estressa é nosso interior não trabalhado. É também, perceber a indiferença no olhar das pessoas, ante tantas causas de interesse comum – às vezes vitais, como a questão do meio-ambiente, que já nos afeta a olhos vistos. E não se diga que não temos tempo ou competência para fazer a nossa parte, pois cada um de nós é um universo de riquezas inexploradas. Por outro lado, é voz corrente que quando precisamos de ajuda, devemos pedir a quem é muito ocupado, pois o tempo nada mais é do que uma convenção (ou desculpa) encontrada pelos seres humanos para justificar sua trajetória na Terra.

Enfim, sejamos homens ou mulheres, jovens ou idosos, navegamos todos no mesmo barco a singrar esses mares revoltos dos relacionamentos, embora nem sempre nos apercebamos de que se houver um naufrágio ficaremos todos à deriva. Esse o caráter do trabalho voluntário: ajudar a equilibrar o barco – seja ele representado por uma comunidade específica ou por toda a humanidade.


Publ. in Revista do Cay nº 150, maio/junho - 2010, pág. 5.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

XEQUE-MATE

Como toda escritora que se preza, procuro manter olhos e ouvidos bem abertos (e, na medida do possível, a boca fechada – ainda que não me rodeiem mosquitos). Assim, eventualmente, sou brindada pela inspiração com alguns insights mais (do meu ponto de vista) ou menos (do ponto de vista d@s crític@s de plantão) interessantes.

Consideradas as palavras acima como mero preâmbulo, o que quero dizer é que a(o) observador(a) mais atento, toda reunião de pessoas com objetivos “pretensamente” comuns, seja em encontros de trabalho ou mesmo familiares, acaba se revelando como um microcosmo que reflete as mazelas – e as alegrias, porque não dizer - da sociedade como um todo.

Assim, por conta da fidelidade a compromissos sócio-familiares - e quem não os tem -, tenho participado necessariamente de discussões, debates ou diálogos (como eu preferiria poder chamar esses encontros sobre temas de “interesse comum”) que me permitem filosofar sobre nossos papéis nos diferentes contextos relacionais e as máscaras que utilizamos para desempenhá-los.

Peões e peoas despreparad@s que somos neste descomunal jogo de xadrez em que transformamos a vida, movemos nossos egos (ou por eles somos movid@s) em busca do xeque-mate – meta suprema de tod@ jogador@ -, medindo “forças” com o pretenso adversário, sem nos darmos conta de que @ outr@ é apenas um(a) parceir@ e de que o objetivo do jogo é o aprimoramento de nossas potencialidades.

Abrir caminho para a vitória “comendo” peças que possam tornar-se empecilhos, tocaiar @ inimig@, excluí-l@ sempre que possível, nos causam verdadeiro frenesi nessa ânsia desenfreada pela dominação. Humilhar o Rei – aquel@ em quem projetamos poderes imaginários -, subjugando-o e o fazendo dobrar-se ante tod@s é o supremo delírio a inflar nossos egos.