segunda-feira, 17 de setembro de 2012

“Não fique


aflita

Maria

nem se

omita

persista

resista

invista

em si

passe em

revista

sua alma

de artista.”



sc/17/09/2012.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O Grito e a Independência




Há exatas 190 primaveras, D.Pedro de Alcântara, com o decantado Grito da Independência, inseria para sempre o bairro do Ipiranga, sua colina, seu riacho, na História do Brasil, após um amplo e polêmico processo político que envolveu personalidades que hoje batizam aleatoriamente nossas Ruas.

Importante lembrar aqui as circunstâncias finais que teriam impelido nosso “Defensor Perpétuo” ao feito épico: a recepção de três cartas fatais para o destino do colonizador, para a leitura das quais – além de um possível mal-estar intestinal -, Sua Alteza apeara às margens do hoje não tão acolhedor Riacho do Ipiranga.

A primeira missiva, de seu pai, continha um ultimato para que retornasse a Portugal; a segunda, do então Ministro José Bonifácio, aconselhava-o a romper com Portugal e a terceira, praticamente esquecida pela história, de sua esposa Maria Leopoldina, na qual externava poeticamente sua posição ao advertir: “O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece”.

Importante lembrar também que, para reconhecer nossa “Independência”, a Corte Portuguesa exigiu o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas, importância gentilmente emprestada aos “irmãos” brasileiros pela Grã-Bretanha, marcando o início de nosso endividamento externo.

O fato é que o “Grito do Ipiranga”, ainda que tenha sido uma construção “a posteriori”, criada pela fértil imaginação do pintor Pedro Américo, coloca indefectivelmente nossa região na história pátria, atraindo visitantes de todas as partes ao belíssimo Parque da Independência e a seu Majestoso Museu, motivo de orgulho aos homens e mulheres que aqui vivem e convivem.

Fato é também que a tela de Pedro Américo não alcançou nem de longe a repercussão (ao menos no exterior) obtida por um outro “Grito”, a obra do pintor norueguês Edvard Munch, arrematada em leilão de 2010 pela incrível quantia de 106,5 milhões de dólares.

Resta dizer, enfim, que embora saibamos que “independência” é uma expressão relativa e paradoxal, já que somos todos – seres humanos ou nações - sempre interdependentes, estamos unidos em torno de um ideal comum: um mundo sem dominadores a impedir nossa liberdade de ser e de viver de acordo com nossa própria consciência, vale dizer, um mundo melhor, mais pacífico e igualitário.

Celebremos, pois!

Publ. hoje (14/09/2012), no Jornal Gazeta do Ipiranga, Caderno A-7 (Coluna da Suzete).









quarta-feira, 12 de setembro de 2012

“Poemas


assomam

aos olhos

da alma

lágrimas

em processo

de mutação

sangue

represado

a transbordar.”



sc/ 12/09/2012.



Sobre a Bhagavad Gita


(Prolegômenos ao resumo de uma leitura metafórica)



A Gita, no meu humilde entender, nada mais é do que um grande papo entre o Ego (personificado por Arjuna) e o Superego (Krishna). Em outras palavras: Sabe aquela viagem às profundezas de seu próprio ser? Pois bem: Krishna (seu Eu superior ou divino) é o piloto.

Importante lembrar que essa Sublime Canção foi extraída de um “momento” do grande épico hindu “Marabharata” (Grande Índia), um dos maiores e mais conhecidos “relatos”, ao lado do Ramayana, das escrituras védicas.

Dito isso, ouso uma interpretação: O Mahabharata é você, ser humano integral. Você e todas as suas instâncias. Você e suas lutas homéricas com vistas ao transcendente. Sim, cada um(a) de nós é um grande épico, uma grande metáfora da condição humana.

A Gita, um néctar do Mahabharata, canta, em seus 700 versos, um poema de redenção, retratando apenas o instante (o campo de Kurukshetra) que precede uma das mais importantes batalhas travadas por Arjuna - uma “guerra justa” entre as principais forças do ser humano -, em que os dois ramos rivais (da mesma família), os kurus e os Pandavas, se alinham para o enfrentamento.

Essa, a meu ver, é a mais trágica disputa pelo Poder, a que se trava no interior do ser humano, mantendo-o em perene tensão entre as forças contrárias que o impelem.



sc/12/09/2012

Cf. prometido, há dias, em comentário a uma postagem da amiga Sonique Mota no facebook.



terça-feira, 11 de setembro de 2012

Conselho




Na luta

pela justiça

buscando

equanimidade

não imite

o opressor

tentando usar

força bruta

há uma arma

poderosa

mais forte

que dinamite

e só requer

ousadia

basta apenas

se dispor

a ser artificiosa.



Sc/set/2012

Poema inspirado em depoimentos de “Mulheres que Constróem” (Evento promovido pelo IBRADD em 27/08/2012, em SP).











segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Três haicais




1)

“Somos moinhos

de vento a rodar sem

sair do lugar.”



2)

“A gaiola em que

estamos presos só

abre por dentro.”



3)

“Alguns recheiam

seus sonhos com ódio

outros com amor.”



Publ. também em m/Mural no Facebook.

sábado, 8 de setembro de 2012

Não possuía lá tantos sentimentos, apenas um medo de viajar de avião somente proporcional à grande paixão que nutria pela filha. O medo remontava a um desastre aéreo que o levara, como único sobrevivente, a ser entrevistado por um Jornal da cidade: “Não consigo esquecer aquela sensação terrível de ver a terra subindo rapidamente”. Já, a paixão, o levara a proibir o namoro da filha com “aquele cafajeste” que flagrara, tempos antes, sacudindo uma moça pelos braços: “Ele é violento, filha, não é homem pra você”. Rejeitado, o rapaz passou a ameaçá-la, o que demonstrou que o pai tinha razão. Sem saber das ameaças e feliz com a determinação da filha de não retomar o namoro, José resolveu cumprir a promessa feita a Sta. Rita se a moça o obedecesse: enfrentaria a temida e sempre adiada viagem aérea para visitar a irmã doente. Uma vez mais, a Terra subiu rapidamente ao seu encontro, poupando-o de ver a notícia estampada na primeira página do mesmo Diário: “Rejeitado, rapaz mata ex-namorada a tiros”.




Da série “Microcontos macrorrealistas”.



Conto baseado em lembranças antigas, assomadas à memória durante os depoimentos de algumas “Mulheres que Constróem”, em recente Encontro promovido pelo IBRADD.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Coração Cego

“Sou um


coração

cego

fadado

à supervisão

da razão

malgrado

não nego

minh’indignação

contra essa

intromissão

do Superego.”



Publ.hoje em m/Mural no facebook.





domingo, 2 de setembro de 2012

O chefe:Mariazinha, escreva tudo que você sabe sobre a última Jurisprudência do Tribunal.No mínimo, cinco páginas, entendeu? O senhor tem pressa? Pra ontem! O colega (dias depois), portando uma importante Revista técnica:Mariazinha, você viu o excelente artigo do teu chefe? O Presidente do Tribunal:Parabéns, doutor.É de uma cabeça como a sua que estamos precisando.Vou nomeá-lo Chefe do meu Gabinete. O Chefe (mais tarde):Não se preocupe, Mariazinha, não vou te abandonar.Você vai como minha secretária, a não ser que prefira ser lotada no Arquivo morto.


Da série “Microcontos macrorrealistas”.



O conto foi baseado em lembranças “detonadas” pelo depoimento de uma das mais ilustres homenageadas no evento “Mulheres que Constróem”, promovido pelo IBRADD, em SP, em 27/08/2012.