quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Ainda às voltas com o Tempo

Ainda às voltas com a questão do tempo, deparo com os instigantes comentários de três mulheres especiais: Camila, Eugênia e Maristela, postados na matéria escrita no último dia 8, que intitulei Tempo de Kairós.

Camila, que infelizmente não tenho o prazer de conhecer pessoalmente, mas por quem já nutro admiração, me alerta sobre as “cobranças por toda parte” que inadvertidamente revelo ao me desculpar por não poder imprimir ao blog a dinâmica que lhe é (ou deveria ser) própria. Em poucas palavras, faz uma análise muito apropriada de meu post – apesar de, humildemente, declarar que espera conseguir “interpretar de forma correta”. De fato, a nova, que já se faz querida, leitora, detecta um paradoxo essencial: se, por um lado, há “vontade de fazer tudo”, por outro, há o reconhecimento de que “tudo tem seu tempo”. Encontrar esse equilíbrio é exatamente a proposta.

Eugênia, cujas observações sempre acrescentam sabedoria ao que escrevo, fala em esperança num “tempo que se faz redondo” e, em sua generosidade nata, me incentiva sempre a continuar. Com a competência despretensiosa que caracteriza seus escritos - blogueira, advogada e palestrante que é -, toca numa questão transcendental: o tempo, que acreditamos sequencial, visto como um círculo a fechar-se em si mesmo. Espiritualizada, entrevê Orobolos, a “cobra que se devora a si mesma” e, com simplicidade, nos remete aos mais profundos ensinamentos esotéricos. Alquimia Pura.

Maristela, que carinhosamente apelidei de “jornalista milagreira”, acrescenta importante reflexão: a de que nossos escritos possam existir num outro plano e, portanto, “vencem o tempo” que, aliàs, de acordo grandes estudiosos da Física e da Química – ela cita o prêmio Nobel Ilia Pregogine -, talvez sequer exista. Enfim, seja apenas uma convenção imaginada pelos seres humanos para agregar sentido às suas concepções de vida ou mera dimensão que ora atravessamos, seja um deus ou um demônio, seja eterno, passageiro ou infinito, o fato é que não podemos permitir que o Tempo nos devore (como Chronos).

Neste exato momento (do tempo?) em que minha imaginação está prestes a viajar nas asas de Kairós, minha sábia conselheira Dona Nena intervém: “Filha, já ‘viajou' o suficiente por hoje. Agora ponha os pés na Terra e dê um tempo ao tempo e a seus(as) leitor@s, antes que lhes esgote o tempo e a paciência”. Obedeço.

Um comentário:

Anônimo disse...

Suzete, fiquei emocionada com o este post. De coração, não me sinto digna dos elogios... Sinto-me digna dessa nossa amizade, colhida, sobretudo, pela troca de ideias, pensamentos-e-sentimentos, nutridos por algo que nos ata: o amor, a sincronicidade, a sintonia de pessoas que apenas querem/desejam um mundo mais humano, no qual o feminino e o masculino sejam comparsas, aliados, energias que caminham juntas rumo à integralização do Ser. E a esperança? Sem ela, a justiça não seria aliada da misericórdia, nem a compreensão provocaria o perdão, a reconciliação e a certeza de que erramos, sim, mas que temos um direito luminoso de experiencar, ao longo dos caminhos-labirintos, a evolução gradual. Grata pela sua generosidade... E apenas um aviso: sou bacharel, nunca quis advogar... Meu coração pediu o experimento do facilitar algum tipo de conhecimento para o outro, aprendendo com ele, e, como uma teimosa, esta bendita arte de escrever, que gera riso e dor, mas é fonte contínua de esperança. E que essas outras mulheres, Camila, Maristela, D. Nena, e você vastamente, sejam muito abençoadas em seus ofícios, em suas lutas, em suas maneiras, acolhedoras e crítica de viver-conviver. Obrigada. Com meu amor e gratidão. Eugênia.