Maria Alice
“Grande amiga, quase irmã
gostava de codinomes
chamava-me Suzi Bel
tratava-a por Mary Mel
loucura pouca é bobagem
dizia com muito charme
mas um dia extrapolou
e lançou um desafio
pra testar minha coragem
propôs um pacto à antiga
só se não for de sangue
manguei com a minha amiga
me encarou falando a sério
quem de nós morrer primeiro
dá um jeito de voltar
e contar todo mistério
ponto a ponto por inteiro
dessa passagem secreta
e qual será nosso código
perguntei de brincadeira
prontamente respondeu
proponho um puxão na perna
ou uma boa gargalhada.
Como sói acontecer
o tempo se encarregou
de afastar nossos caminhos
mas um dia a encontrei
e perguntei se lembrava
do nosso trato maluco
Alia jacta est
não tem como sair
dessa
foi o que me respondeu
o pacto está selado
pra confirmar brindaremos
com um gole deste suco
de uva a lembrar o sangue
rimos e nos abraçamos
novo encontro combinamos
mas por obra do destino
mão mais nos reencontramos.
Eis, porém, que certo dia
não muito tempo depois
o telefone tocou...
tive um doloroso impacto
um mal súbito a levara
alguém me comunicou
sequer me lembrei do pacto
e o tempo foi passando
a vida continuando
a memória se esgarçando
até que ontem, do nada
me bateu uma saudade...
e eis senão que de repente
um arrepio me percorreu
tive a nítida
impressão
de ouvir sua risada
debochada, escancarada.
Seria imaginação?
Na dúvida, fico alerta
de alma e de mente aberta
a qualquer revelação
e aqui me comprometo
a transmitir aos
leitores
toda e qualquer descoberta.
Pacta sunt servanda!”
sc/22/07/2014