sexta-feira, 11 de maio de 2012

MAIO

Mês do Trabalhador, das Mães, das Noivas, da Libertação da Escravatura, da Liberdade de Imprensa, e outras tantas efemérides mais, ou menos, importantes, maio tem até o Dia Nacional do Milho, cereal cujo nome significa “sustento da vida”, haja vista que foi o alimento básico de várias civilizações antigas importantes, como a dos Maias - aqueles mesmos cujo Calendário deu margem a interpretações fatalistas que dizem que o mundo terminará em 21/12/2012.
Reverenciado na arte e na religião por algumas das culturas pré-colombianas, como os incas e os maias, que já eram avançadas milênios antes da “descoberta” da América, esse cereal é atualmente o terceiro entre os mais cultivados no mundo, perdendo apenas para o arroz e o trigo, tendo sido elevado a patrono de efemérides, como o Jubileu de Milho recém celebrado pela Gazeta do Ipiranga e, coincidentemente, as Bodas de Milho que eu e meu companheiro João Baptista celebraremos no próximo dia vinte e nove.
Este é também o mês em que se comemora a “explosão” da Contracultura. Para quem não estiver lembrado, trata-se daquele Movimento deflagrado na França em MAIO de 1968, que, ganhando espaço nos meios de comunicação, foi seguido de outros movimentos como o de Woodstock (hippie), que influenciaram os jovens de todo o Ocidente com suas propostas de mudança na estrutura social.
No Brasil, então sob a égide da ditadura militar, “caminhávamos contra o vento” e essa influência se fez notar praticamente apenas na música de protesto de jovens compositores como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Geraldo Vandré, entre outros, bem como na forma de vestir e falar de nossa juventude. A sociedade mal acompanhava os acontecimentos e, a propósito, lembro de um fato um tanto cômico acontecido nessa época.
Certa vez, ao entrar em casa, deparei com minha tia aos prantos.  Perguntada sobre o que havia acontecido, ela respondeu entre soluços: - “O Joãozinho” (seu filho adolescente) “me chamou de bicho”.  – “Você deve ter entendido mal, tia.” – “Não entendi mal, coisa nenhuma. Eu disse a ele pra levar guarda-chuva porque ia chover e ele respondeu: “É isso aí, bicho”. Caí na risada e ela aumentou o choro dizendo que, pelo jeito, eu também a considerava um bicho.
O fato é que minha tia não ficou lá muito convencida com as explicações que lhe dei, até porque ela não tinha como acompanhar as manifestações de uma sociedade em mudança. Imagino que, se vivesse hoje, ela ficaria inconformada ao ouvir meu neto dizer: “E aí, véi?”, expressão que “está na boca” de todos os jovens, de ambos os sexos, que se tratam dessa forma inclusive entre eles. Pessoalmente, acho “da hora”...

Publ. em 11/05/12 na “Coluna da Suzete” do Jornal Gazeta do Ipiranga nº 2744, Caderno D-8.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que graça este post, Suzete! No final você demostra sua flexibilidade e abertura a mudanças - própria de uma alma gentil, disponível e aberta ao fluxo da vida. Obrigada. Eu gostei de passear pelas memórias elencadas pela sua primorosa escrita. Beijinhos. Eugenia

Suzete Carvalho disse...

Olá, Eugenia. Que bom que você gostou. Acho que o falecimento de minha mãe me deixou mais sensível às memórias do passado,então aproveito para trabalhá-las nos meus escritos e até para flexibilizar as crônicas, antes eivadas de muita "seriedade"...
Saudade. Beijinhos também.