quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

De começos e Recomeços


Crônica 

De Começos e Recomeços

 

                                                                                                         Suzete Carvalho

 

Diz a Filosofia Budista, que a lei da impermanência, ou se preferirem, da transformação, é a única verdade que os seres humanos realmente podem conhecer e à qual estão inexoravelmente atrelados.  O tempo passa (ou nós passamos por ele), com a rapidez de um raio.  Assim, lá vamos nós outra vez encarar um Novo Ano que, acreditamos, terá o condão de, por si só, ser melhor, mais próspero e auspicioso do que o presente.

Esquecidos de que devemos valorizar e dar graças às boas experiências vivenciadas, nos lançamos ao novo tempo com a avidez de um lobo faminto.  Esquecemos que somente somos o que somos ou temos o que temos, porque alguém criou, começou, trabalhou para que as coisas fossem como são, ainda que esse alguém tenhamos sido nós próprios, e que não há como recomeçar sem levar conosco esse lastro de entrega e doação que recebemos como dádiva.

Ainda que Aristóteles não nos houvesse deixado a reflexão, sabemos, instintivamente, que o ser humano é um “animal político”.  Político e gregário, ou seja, queiramos ou não, necessitamos e dependemos de outras pessoas, para que possamos sobreviver com um mínimo de dignidade. E a questão política, como lembra bem a tempo e a propósito, minha Conselheira Dª Nena, nos leva à complexa questão do Poder.

“Poder” que sempre acreditamos saber exercer melhor do que aqueles que o detêm, seja no âmbito familiar, ou institucional, onde se enquadram as organizações de todas as espécies, seja no mundo político propriamente dito, nacional ou internacional.  Parafraseando o antigo ditado popular, hoje “de político e de louco, cada um tem um pouco”, o que nos leva ao tema inicial, já que o próximo ano será pródigo em recomeços políticos, cujo sucesso (ou retrocesso) dependerá de todos(as) e de cada um(a) de nós, independente do envolvimento direto que tenhamos com o poder.

Enfim, espero que as necessárias transformações que todo recomeço comporta, nos encontrem conscientizados de nossas próprias fraquezas e grandezas e, portanto, aptos a fazer a nossa parte,  levando como ponto de partida (do ano que se vai) ou de entrada (de um novo tempo) as sementes plantadas e cultivadas por nossos antecessores, que estejam dando bons frutos.  Feliz Ano Novo à comunidade ypiranguista e à sociedade como um todo, nas quais tenho a felicidade de estar incluída. 

*A autora é pós-graduada em Jusfilosofia e Mestre em Direito pela USP. Ex-Diretora Cultural do CAY é também patrona da Biblioteca-Centro de Estudos.
 
Publ. in Revista do Ypiranga, set/dez/2013, pág. 27 

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário: