O Mundo da Lua
Há exatos
trinta anos
você
atravessou meu caminho
sequer um
carinho trocamos
a não ser
aquele beijinho
que
minh’alma perfurou
minha lucidez
sombreou.
Ah, o
dourado perfeito
daquele tufo
em seu peito
o verde-mar
tão profundo
daquele
olhar vagabundo
que por
pouco, muito pouco
não
transforma o meu caminho
mas balançou
o meu mundo.
Chorei rios
mares oceanos
de uma
paixão desmedida
plena de
atos insanos
de dia até
disfarçava
à noite
soltava o pranto
e os alvos
lençóis molhava.
Penélope
revivida
confeccionei
muitos mantos
mas você,
Odisseu, não voltou
sequer
notícias mandou
e eu
prossegui na vida
a tecer o
cotidiano
do
sofrimento esquecida.
Há exatos
trinta anos
você não
chegou a ser meu
eu não
cheguei a ser sua
mas por baixos
e altiplanos
por dias
meses e anos
andei no
Mundo da Lua.
Você não
chegou a ser meu
Eu não
cheguei a ser sua
Mas por dias
meses anos
Andei no
‘mundo da lua’.
Publ. na
Antologia “O Mundo da Lua” que está sendo lançada hoje (01/02/2014) em Lisboa, Portugal, pela Lua de Marfim
Editora, em grande festa comemorativa de seu aniversário. Ainda não tive acesso aos nºs das páginas
respectivas.
2 comentários:
Gostei do jeito "fingido" (no sentido inventado por Fernando Pessoa) desse poema. O ritmo dissoluto lembra muito Cecília Meireles:
Canção Excêntrica
Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
projecto-me num abraço
e gero uma despedida.
Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.
Meu coração, coisa de aço
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
- do que faço, arrependida.
Muito interessante sua "leitura" de m/poema, caro amigo! Obrigada pelo gentil comentário e pelo poema da "nossa" Cecília. Volte sempre. Amplexos!!!
Postar um comentário