Antes do advento dos Shopping Centers e da Internet no Brasil, era comum nos depararmos com tabuletas afixadas nos estabelecimentos comerciais com a informação: “FECHADO PARA BALANÇO”. Meus pais e avós, comerciantes na região do Ipiranga desde os anos 30, costumavam pedir a colaboração dos mais jovens, nesse controle (manual) das perdas e ganhos, em especial após fases de movimento mais intenso.
Estante por estante, procedíamos a uma faxina generalizada e contávamos a mercadoria, separando e remarcando preços nas peças que se adaptavam à segunda importante etapa da vida comercial - a “Queima de Estoque” -, preparatória de uma nova etapa: o lançamento das novidades que compunham a “última moda”. Meu pai, um exemplo de desapego de bens materiais, praticamente “torrava” algumas mercadorias para torná-las accessíveis aos mais desfavorecidos, chegando ao limite de distribuir-lhes, gratuitamente, alimentação e medicamentos, levando-nos quase à falência.
Interrompendo essas lembranças, Dona Nena, conselheira sempre atenta às minhas elucubrações mentais, insinua: - “Percebe a metáfora?”. – “Sim, querida, percebo. Após uma fase prenhe de intenso movimento físico e emocional ‘fechei para balanço’ meu estabelecimento intelectual, tentando ‘faxinar as estantes do self’ e separando dores para uma ‘queima do estoque de sofrimento’, como preparação de uma nova etapa.”
Nesse controle (mental) de perdas e ganhos, analiso os porquês (das perdas) e descubro minha própria participação nas situações – talvez um certo despreparo para enfrentar as peças que a vida nos prega. Assim, conclui ser de bom alvitre pedir ‘concordata intelectual’ para poder continuar a trabalhar e saldar as dívidas contraídas com a cultura de Paz que abracei. Não cheguei à falência, porque sei que posso contar com o precioso apoio de credor@s (leia-se leitor@s), que acreditam na potencialidade curativa da imaginação.
Enfim, esse ‘blá-blá-blá’ filosófico foi a forma que encontrei de pedir desculpas pelo semi-abandono a que ficou (uma vez mais) relegado o blog, premida que estive por circunstâncias que (quase) fugiram a meu controle. Reabro, pois, meu “estabelecimento cultural”, embora ainda sob ‘regime falimentar’ oferecendo humildemente a tod@s meus parcos conhecimentos. Quiçá as (tormentosas) experiências que vivi recentemente possam de alguma forma nos ser úteis a tod@s. Envidarei esforços nesse sentido.
Namastê.
7 comentários:
Bem, se entendi direito:
VOCÊ VOLTOU!!!!!!
MARAVILHA!:)
Toda força,paz,saúde e energia para continuar, senhorita Suzete!
Um abração!
Camila V. :)
Olá, Suzete. Há quanto tempo =)
Vi em um outro blog que vc tem um texto que fala sobre linguagem e gênero, datado de 8 de maio de 2009, mas não o achei no blog.
Sobre o meu blog, mudei-o pro Arauto da Consciência, o endereço é http://consciencia.blog.br/. Atualize no seu blogroll por favor.
bjos
Olá, Camila
Você sempre entende direito, querida.
Estou tentando realmente voltar ao blog, mantendo uma periodicidade razoável entre as postagens. Espero que a 'roda viva' na qual estou envolvida o permita.
Só tenho a agradecer aos(as) leitor@s amig@s pelo incentivo e, especialmente pelos votos generosos.
Força, paz,saúde e um abração a você também.
Olá, Robson
Há quanto tempo, mesmo. Prazer em recebê-lo novamente.
De fato, em maio de 2009 estive trabalhando sobre "linguagem e gênero" como preparação para um ensaio que estava escrevendo para uma Coletânea em parceria com mais de trinta estudiosas do tema. Na ocasião, se bem me lembro, informei a você que iria citar seu artigo sobre Androcentrismo naquele trabalho e o concretizei, o que consta inclusive na Bibliografia do ensaio "Mulher e Filosofia - Uma Visão Transdicisplinar", com que 'fecho' o livro.
Pois bem: a Obra está praticamente pronta, a Editora é a Rideel, o título é "Mulher, Sociedade e Direitos Humanos", com lançamento programado para o dia 26/08/2010 no Centro Histórico da Universidade Mackenzie.
Você já estava na lista das pessoas que eu pretendia convidar para a festa de lançamento, o que tenho o prazer de fazer de público, aproveitando para estender o convite aos(as) noss@s leitor@s.
Quanto ao seu novo blog, já o adicionei aos meus links, porém, por algum motivo que refoge aos meus parcos conhecimentos de informática, não consegui excluir o anterior. Então, até que alguém me socorra, você fica valendo por dois...(rsrs).
Abração.
Graças Suzete pelo seu retorno... Compreendidas as razões e (des)razões das "peças da vida", que embora não consigam "nos matar", certamente nos "fortalecem", usando aqui a sentença de Nietzsche. Danke! Beijos e abraços.
Olá, querida
"Se assim falava" o filósofo, quem somos nós para desmentir!
Assim, forças refeitas (ainda que em parte), continuemos, pois.
Ao Cosmos, resta agradecer e pedir que razão e inspiração retomem o comando sem se deixar subjugar pelas "peças da vida".
"Danke" também pelos seus perseverantes incentivos e vibrações.
Namastê
Olá, Eugênia
Não sei por que mistérios cibernéticos minha resposta (supra) foi publicada como "anônima" (rsrs).
Beijos.
Suzete
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