domingo, 11 de abril de 2010

Memória e Futuro

Hoje em dia, embora uma das palavras de ordem adotadas mundo afora seja “Preservação” - tanto do patrimônio histórico e cultural, quanto, muito especialmente, da Natureza -, nem sempre apreendemos bem a profundidade de seu significado e a importância de nossa participação cotidiana para sua defesa.

Preservar é salvaguardar tudo aquilo que está posto à nossa disposição, para que, a partir dessa realidade, possamos contribuir no sentido de qualificar cada vez mais a experiência humana no mundo, doando nossos esforços em prol de um futuro melhor.

Se não houvesse a memória, não haveria passado. Nem futuro. Um eterno presente, de repetições sem sentido. O ser humano não teria a oportunidade de aprender com seus próprios erros. Benditos erros - já que “errar é humano”, como diz o provérbio latino -, que nos permitem repensar e aprimorar a nossa postura diante da vida.

O fato é que Memória, História e Cultura são os elementos propulsores do desenvolvimento humano. Uma não existe sem a outra. Sem a memória, o ser humano, tal qual os animais, ainda estaria preso a seus instintos, inapelavelmente condenado a repetir-se. Não haveria História. Não por outro motivo, a Mitologia, com seus ensinamentos simbólicos, refere-se a Mnemosina, deusa da Memória, como mãe de Clio, a deusa da História.

A História e a Cultura são produtos das relações humanas, não se fazem apenas com grandes nomes, grandes eventos, grandes batalhas, mas com a experiência e o heroísmo anônimo e diuturno de cada um(a) de nós, que enfrentamos com garra os problemas do dia-a-dia, estudamos, trabalhamos e nos doamos às pequenas e grandes causas, lutando para que as novas gerações recebam fundamentos seguros sobre os quais construirão seu próprio futuro.

Publicada in Revista do Ypiranga, nº 149, jan/fev/2010, pág.5.

5 comentários:

Eugênia Pickina disse...

Querida Suzete, seu texto está recheado de pequenas dicas "humanizadoras"... Sim, tal como explica, a história e a cultura são tecidas, sobretudo, pelo esforço diário e anônimo de muitas pessoas, que enfrentam os dramas cotidianos sem perder a fé, a esperança e a bondade... Quantos trabalhores e trabalhoras contribuem, via seu esforço humilde e muitas vezes pouco reconhecido (vivemos numa sociedade na qual o que conta é o "prestígio", bem a gosto darwinista), para que este nosso mundo, a amada Gaia, seja um lugar melhor, modificando os destinos da História, inovando paradigmas e valores culturais. Obrigada pela sua visão sempre crítica, mas dócil, amorosa... Bjs. Namastê. Eugênia.

Suzete Carvalho disse...

Olá, Eugênia. Que bom que você está de volta. Também voltarei aos nossos blogs nos próximos dias, com a atenção que noss@s leitor@s merecem. Infelizmente, uma causa na qual eu acreditava, ma afastou um pouco inclusive de mim mesma. O fato é que nem sempre o trabalho voluntário desapegado de interesses egóicos é bem aceito em comunidades eivadas de ignorância, machismo e competitividade. Essa é uma função para heróis e heroínas que tenham, no mínimo, boa saúde física,para que se possam resguardar dos "impactos da descontrução" a que se dedicam com todas as forças aquel@s que acreditam estar defendendo "seu" território.
Cada tentativa de inovação de paradigmas é vista como uma agressão a "valores" estabelecidos.
Mais gratuita a entrega a esse trabalho, maior a desconfiança que suscita nos egos inflados.
Enfim, apesar do "desabafo", ainda acredito, sim, na possibilidade de resiliência do ser humano. Mas ninguém deve mudar o que já é, e algumas experiências (re)vividas (porque somos tão repetitivos?), me fazem agora voltar ao que sou desde sempre: um(a) estrangeir@ que se compraz na própria solitude do trabalho interior, em seus escritos e leituras ao som de música suave.
Saudade. Bjos.
Namastê.

Anônimo disse...

SAUDADE!
:*
Camila V.

Anônimo disse...

Sou um rapaz que aparece e desaparece mas estou sempre de olho em seu blog, por mais distância que temos, a internet nos une. Tudo bem Suzete? Vim dar uma passadinha por aqui, ler alguns textos eheh.

Agora posso dizer, eu sou Jornalista eheheh, a cada dia que passa, mais novidades aparecem, de um jovem formado para palestrante de Inclusão digital no Brasil.

Meu trabalho já saiu no Estadão, Veja SP, TV Futura e minha mais nova conquista, uma mençao honrosa da TV Cultura.

E vocês como estão? Mande notícias, caso quiser conversar por e-mail ou até mesmo conversar sobre o blog, meu e-mail é Giuntini@ruasdigitais.com.br

Obrigado pelos ensinamentos com as palavras Suzete.

Suzete Carvalho disse...

Olá, Guilherme
Você é e será sempre bem-vindo, ainda que suas visitas sejam ocasionais. Que bom que você está sempre de olho no meu blog, porque continuo sendo uma analfabeta "internauticamente" falando.
Pelo jeito, nem preciso perguntar se você vai bem. Fico muito orgulhosa de saber que seu trabalho ganhou espaço na grande mídia. Você merece. "Palestrante de inclusão digital no Brasil" é tudo de bom.
Já anotei seu novo e.mail para conversarmos, não apenas sobre o blog, mas sobre a sua promissora carreira, agora que você é jornalista ("eheheh").
Um grande abraço e obrigada digo eu por sua ajuda competente e generosa, sempre que tenho alguma dificuldade técnica com o blog. Aliás, jamais me esquecerei de seu incentivo e ajuda para que o blog se tornasse uma realidade.
Um grande abraço.