domingo, 10 de junho de 2012

”A Casa parece lotada”, disse a visitante. - “No inverno sempre há vagas, porque muitos se vão”. Ingênua, perguntou: “A família vem buscá-los”?”. – “Não, querida, os deuses”, respondeu a diretora da Casa de Repouso.


Da série “Micro contos Macrorrealistas”

2 comentários:

Anônimo disse...

Querida, visceralmente provocativo o seu texto/poemeto. E me fez pensar na solidão que nos isola, em algum momento, em nós mesmos, pois aprisionados, ainda que de forma temporária, no tempo. Mas as estações, sobretudo as frias, podem nos desancorar e nos guiar, ao lado dos "deuses", rumo a novas dimensões. Vida, vida tão episódica. Mas que seja feliz. Casas de repouso... Faz a gente pensar na gente e em tanta gente... Obrigada por suas divagações traduzidas em pequenos-largos trechos existenciais, pois profundos. Beijinhos. Eugenia

Suzete Carvalho disse...

Querida. Sempre imaginei nossa passagem pela dimensão do tempo como uma viagem de trem. Cada "estação" traz "novos" passageiros e propicia o desembarque daqueles que se cansaram da viagem.
Refeitos da exaustiva experiência, estes últimos se desfazem da parte inútil da bagagem acumulada, "atravessam" a linha férrea (da dimensão temporal) e aguardam o retorno do veículo, onde (re)embarcam como "novos" passageiros.
Daí essa inefável sensação de reencontro...
Saudade de você.