sexta-feira, 29 de junho de 2012

EU DIGO NÃO AO NÃO




Nasci vivi e cresci

sob o signo do não

dura palavra de ordem

dos adultos de então

hoje semeio desordem

nas asas de um outro não

pois muito muito sofri

com a discriminação

e pois digo não ao não

não e não porquê não

não ninguém pode dizer

que o não da mulher

é sim bem assim

tal qual pretendem

patriarcas de plantão

não podem não

pois lá no fundo eles sabem

que um não será sempre não

por princípio e vocação

e que um bem dito não

não requer explicação

se é que me entendem

os que vivem na ilusão

dos tempos que lá se vão

quando o povo era refém

da pouca legislação

que dava ensejo também

à angústia da exclusão

aos guetos eu digo não

pois não aceito esse não.



Publ. in Antologia “Eu digo não ao não”. Póvoa de Sta.Iria, Portugal: Lua de Marfim Editora, 2012, pág. 73.











2 comentários:

Anônimo disse...

Querida, muito significativo o seu texto... Lendo, percebi o quanto somos guiados pelo "não" de plantão, sentinela que procura coibir nosso direito a ser plenamente. Acho que podemos, ligadas ao bom combate, disseminar mais e mais o sublime direito à autonomia que diz respeito a cada passante deste lindo planeta. Obrigada pelo texto que acende, em nós, um discernimento reflexivo sobre pequenas (grandes) coisas cotidianas. Ubuntu!
Eugênia.

Suzete Carvalho disse...

Olá, Eugênia. Seus comentários sempre enriquecem meus textos e me fazem repensar e repensar cada pequena (grande) coisa desse complexo cotidiano...
Ubuntu!