segunda-feira, 23 de julho de 2012

C I N ZA S



Quisera oferecê-las

à deusa Ganga

cujas madeixas

brotam das neves

eternas do Himalaia

aprisionada porém

à força das circunstâncias

entendi haver por bem

transformar o último

ritual de sua passagem

que sonhara grandioso

em humilde oferenda local.



Com status de floresta

em mágica montanha

o parque se engalanou

pleno de luz e de amores

e a festa de despedida

deu-se na pequena fonte

que brotou da Terra Pura

e levou por entre as flores

o que restou de uma vida.



sc/

2 comentários:

Anônimo disse...

Que lindo, Suzete... Este ritual amoroso, cheio de amor, saudade e... reverência àquela que partiu para o Plano Maior. Senti a reminiscência dos rituais helenos, os antigos Mistérios. Certamente, sua querida se sentiu amada, pois, como dizia Pessoa, "morrer é só deixar de ser visto"... Beijinhos e muita luz! Eugênia.

Suzete Carvalho disse...

Oh, Eugênia querida, amiga de sempre. Fiquei emocionada com sua menção aos antigos Mistérios, aos quais sou tão reverente que me inspirei em Eleusis para nominar o blog. Sua sensibilidade e conhecimento estão se tornando imprescindíveis por aqui. Quanto ao poema em si, acredito ser produto de um trabalho de aceitação das perdas necessárias e da necessidade de reencantar a vida...
Namastê.