sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O Grito e a Independência




Há exatas 190 primaveras, D.Pedro de Alcântara, com o decantado Grito da Independência, inseria para sempre o bairro do Ipiranga, sua colina, seu riacho, na História do Brasil, após um amplo e polêmico processo político que envolveu personalidades que hoje batizam aleatoriamente nossas Ruas.

Importante lembrar aqui as circunstâncias finais que teriam impelido nosso “Defensor Perpétuo” ao feito épico: a recepção de três cartas fatais para o destino do colonizador, para a leitura das quais – além de um possível mal-estar intestinal -, Sua Alteza apeara às margens do hoje não tão acolhedor Riacho do Ipiranga.

A primeira missiva, de seu pai, continha um ultimato para que retornasse a Portugal; a segunda, do então Ministro José Bonifácio, aconselhava-o a romper com Portugal e a terceira, praticamente esquecida pela história, de sua esposa Maria Leopoldina, na qual externava poeticamente sua posição ao advertir: “O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece”.

Importante lembrar também que, para reconhecer nossa “Independência”, a Corte Portuguesa exigiu o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas, importância gentilmente emprestada aos “irmãos” brasileiros pela Grã-Bretanha, marcando o início de nosso endividamento externo.

O fato é que o “Grito do Ipiranga”, ainda que tenha sido uma construção “a posteriori”, criada pela fértil imaginação do pintor Pedro Américo, coloca indefectivelmente nossa região na história pátria, atraindo visitantes de todas as partes ao belíssimo Parque da Independência e a seu Majestoso Museu, motivo de orgulho aos homens e mulheres que aqui vivem e convivem.

Fato é também que a tela de Pedro Américo não alcançou nem de longe a repercussão (ao menos no exterior) obtida por um outro “Grito”, a obra do pintor norueguês Edvard Munch, arrematada em leilão de 2010 pela incrível quantia de 106,5 milhões de dólares.

Resta dizer, enfim, que embora saibamos que “independência” é uma expressão relativa e paradoxal, já que somos todos – seres humanos ou nações - sempre interdependentes, estamos unidos em torno de um ideal comum: um mundo sem dominadores a impedir nossa liberdade de ser e de viver de acordo com nossa própria consciência, vale dizer, um mundo melhor, mais pacífico e igualitário.

Celebremos, pois!

Publ. hoje (14/09/2012), no Jornal Gazeta do Ipiranga, Caderno A-7 (Coluna da Suzete).









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