sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Novembro




Cumprido nosso dever cívico de eleger aqueles que comandarão as cidades brasileiras nos próximos anos, o mês de novembro nos abre as portas com o Dia de Todos os Santos a ressacralizar nosso cotidiano, seguido do Dia dos Mortos, a nos colocar pés no chão. O mês, que chega carregado de feriados e se oferece com uma temperatura mais equilibrada (que ninguém é de ferro!),também é dedicado à Consciência Negra, o que nos alerta para o falta de sentido dos preconceitos que carregamos como um peso morto a macular nossos relacionamentos.

Importante mesmo, me parece, é que nos conscientizemos de que essas homenagens são apenas lembretes daquilo que deveríamos celebrar e agradecer todos os dias: o exemplo de tantas pessoas abençoadas, a herança (gen)ética que recebemos como uma dádiva a fazer de nós o que somos e a maravilhosa miscigenação brasileira, que tanto nos enriquece.

O fato é que, se prestarmos atenção, inúmeros são os motivos que a vida nos dá cotidianamente para agradecer e confraternizar com nossos irmãos e irmãs, mas, infelizmente, a maioria de nós não conseguiu se libertar dos condicionamentos culturais a que fomos submetidos, nem à manipulação dos interesses de Poder, seja Político, seja de Mercado.

Assim, a própria mídia, por vezes, se deixa contaminar pela ideia de que tudo é uma “festa”, haja vista a declaração de uma repórter, que ouvi pelo rádio, na quinta-feira anterior ao feriado de finados: “E agora me despeço, esperando que todos aproveitem bem esses dias de festas”. À guisa de curiosidade cultural e linguística, lembro que esse dia é celebrado em muitos países e em Portugal é chamado o “Dia dos Fiéis Defuntos”

A propósito, novembro é fértil também em “feriados prolongados”, boa oportunidade, a meu ver, de repensarmos nossa postura diante do consumismo desenfreado a que nos instigam as propagandas e aproveitarmos com a família as excelentes programações culturais que esta incrível cidade que é São Paulo, nos oferece às mancheias.

Às pessoas que preferem ater-se ao bairro, lembro que nossa Região é pródiga em clubes, museus, parques, cinemas e outras tantas opções, incluindo - pra quem não consegue deixar de lado essa necessidade que nos plantaram de comprar/consumir/presentear -, bazares com refinados trabalhos artesanais que revertem seus lucros para projetos sociais e que refogem ao desgastante e perigoso marketing de poderosas empresas: “Não deixe para a última hora. Compre agora e pague a primeira prestação somente no próximo ano”.

*Publ.hoje (9/11) na Coluna da Suzete do Jornal “Gazeta do Ipiranga”, Cad.C-1.









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