terça-feira, 2 de outubro de 2012

Hoje, dia em que se comemora o centésimo quadragésimo primeiro aniversário do nascimento de Gandhi e que a ONU houve por bem declarar como o Dia Internacional da Não-Violência, acredito oportuno transcrever um trecho de m/Ensaio “Por que Gandhi Hoje?”






“Insistência, persistência, paciência e firmeza de propósitos consistiram nas grandes virtudes que fundamentaram o pragmatismo gandhiano, a embasar seus dois princípios máximos: ahimsa e sathyagraha (de sathya, verdade e agraha, firmeza). No ensinamento gandhiano o ahimsa não é um escudo para a covardia, mas uma arma para os bravos, muito mais poderosa que todas as armas já inventadas pelo engenho humano.

A sutileza desse princípio vai muito além de não matar, pois nele não cabe sequer alimentar maus pensamentos ou permitir que o sofrimento se propague, compactuando com a dominação ou vilania. Também não significa deixar de se proteger ou de cumprir o dever, nem renunciar aos direitos conquistados ou submeter-se à tirania. É, isto sim, uma práxis corajosa, que passa necessariamente pelo respeito às diferenças, necessidades e direitos do outro e de nós próprios, em suma, pela dignidade dos seres humanos.

É um exercício de perdão, visto como ação mais nobre do que a punição, até porque, no dizer de Gandhi, ninguém é suficientemente bom para julgar o outro. Sua sugestão é que procuremos ver nossos próprios erros com uma lente de aumento, como fazemos com os erros dos outros, para podermos chegar a uma avaliação mais equânime. Essa é uma prática de amor, solidariedade e compaixão (de pathos, paixão ou sofrimento, em grego), com o sentido de compreender e minimizar a dor do outro, seja ele quem for.”



Publ. in Thot nº 79, “Política e Poder: Gandhi Hoje”, SP:Palas Athena, out/2003, pág. 4/9.



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