terça-feira, 26 de maio de 2009

A boa 'desmemória'

Dizem que quem nunca vê motivos para se sentir culpado não tem boa memória. Refletindo sobre o tema, como é de meu feitio, logo comecei a elaborar uma complexa teoria sobre as causas e conseqüências dessa ‘desmemória’.
Dona Nena
[1], minha fiel conselheira nesses “momentos filosóficos”, logo veio em meu socorro: - “Não precisa ficar ‘paranoiada’, como diz sua filha. Afinal, é melhor não sentir culpas do que carregá-las ao longo da vida”.
Irritada por haver sido interrompida em minhas divagações, desta vez ousei retrucar: - “E você, deixe de me esquizofrenizar. Meus pensamentos têm uma sequência lógica e você nem me deu oportunidade de expô-los”. Mas, imediatamente, me arrependi, com medo de perder a fonte de inspiração que sua sabedoria abastece em mim: -“Estou arrependida por ter sido tão impulsiva. Você me perdoa o destempero?”.
Com a maternal paciência de sempre, Dona Nena respondeu: - “É isso, minha filha. Perceba que, sem grandes elucubrações, você encontrou as palavras-chave para solução do problema: arrependimento e perdão. A seguir, brincou: “Causas não vêm ao causo. O importante é o aqui-e-agora”.
E, como sempre, minha sábia instrutora arrematou com chave-de-ouro: “Culpa se cura com arrependimento. Arrepender-se requer perdão. E perdoar significa esquecer culpas e mágoas. Essa a boa desmemória. Apenas não se esqueça de que sempre é tempo de recomeçar e que é mais fácil viver sem a sobrecarga adicional que o peso da culpa acarreta”.


* Embora coincidente, o título desta crônica não tem a ver com o blog do poeta Diniz Gonçalves Jr., que pode ser conferido entre meus links sob o título “desmemórias”.


[1] - Cf. a primeira crônica postada no blog, em data de 14/12/2008, sob o título Dona Nena.

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