sexta-feira, 15 de maio de 2009

Planeta Água?

Ambientalismo, aquecimento global, efeito estufa, expressões que estão na ordem do dia, nos remetem imediatamente à questão das políticas públicas e ao trabalho de Ongs preocupadas com “a tal da ecologia”. Culturalmente, estamos acostumados a debitar a obrigação de sanar problemas de toda ordem, exclusivamente às instituições, governamentais ou não, que existem para isso. “Afinal, pagamos nossos impostos,” é o mote/desculpa de quem critica sem participar.
A nós, acreditamos, nos compete apenas – embora nem sempre ajamos nesse sentido – reciclar latas e plásticos. “E olhe lá, que já faço a minha parte”, como ouvi de uma vizinha que nunca acerta a lixeira de recicláveis. Mas ... e quanto à água, o que sabemos ou fazemos para minimizar o problema? Que problema? Bem, de acordo com a FAO (agência da ONU), em 2025 quase dois bilhões de pessoas viverão em regiões com falta drástica de água.
Instada a escrever sobre o tema, vou a uma fonte óbvia, o site da Sabesp, e levo um susto: ¾ da crosta terrestre são cobertos de água, porém 98% da água da Terra é salgada e dos 2% da água doce existente, 76% está congelada, 22% no subsolo e apenas 2% nos rios e lagos. E, para completar a (dramática) realidade, desses 2% últimos, apenas 0,7% é potável.
Preocupada com a questão, a ONU tem organizado com alguns parceiros internacionais, desde abril de 1997, um Forum Mundial trianual da Água, sendo que o último encontro foi realizado em Istambul, na Turquia, em abril deste ano de 2009. Novo susto: - “Meu Deus, faltam apenas dezesseis anos para a trágica previsão da FAO sobre a escassez da água”! Dona Nena, minha sábia conselheira (meu alter ego, se preferirem), responde: - “Pois é, não há tempo a perder. Já lhe avisei anteriormente, que não adianta transferir a culpa às grandes empresas ou ao governo. Você também é responsável”. [1]
É verdade que as maiores responsáveis são as grandes empresas, que deveriam providenciar com urgência a reutilização da água em seus processos produtivos, mas, afinal, somos quase seis bilhões de seres humanos a consumir aleatoriamente água e energia não renováveis. O envolvimento pessoal de cada um com a questão, ensinando e dando exemplos de economia e reúso, especialmente às novas gerações, com certeza faria a diferença.
A propósito, a AFPESP está tentando fazer a sua parte, investindo em projetos que incluem a instalação de caixas para coleta de águas pluviais e águas de mina, para transformação em água potável, a par da instalação progressiva de torneiras contemporizadas em suas URLs, além de outras providências que visam a adoção de medidas de racionalização e uma nova cultura de sustentabilidade.
Parece-me que deveríamos ampliar nossa terminologia ecológica, também no que concerne à água, e não apenas para reflexão e cultura, mas como uma ponte concreta de ações conscientes para atravessar os novos tempos. É uma questão de humanidade.


Publ. in Folhado Servidor Público, maio/2009, pág.9.



1] Cf. crônica Podemos Fazer a Diferença, in Folha do Servidor Público, set/2008, pág.15.

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