segunda-feira, 20 de abril de 2009

FILOSOFANDO

“Se alguém quiser adquirir Sabedoria, não será através do Trabalho, mas sim do ócio” – PLATÃO


Evidentemente, não se poderá interpretar Platão ipsis litteris. Usando a palavra ócio, parece mais lógico tenha o fecundo autor pretendido referir-se ao conhecimento que advém da arguta observação, quer quando em trabalho mecânico, quer em repouso físico.
Quem sabe estaria o discípulo de Sócrates aludindo à meditação, termo hoje tão em voga, mas que a raros é dado compreender e, menos ainda, pôr em prática. Meditação que, por transcendental, ultrapassaria as barreiras tempo-espaço, permitindo conhecimentos milenares, com um mínimo de tempo cronológico dedicado.
Quem sabe, ainda, a sabedoria dos Grandes Mestres se deva a uma boa dose de divagação. Se o próprio Einstein afirmou que a imaginação é mais importante do que o conhecimento! E, como dar asas à imaginação? Divagando...
Mas, não se preocupem, isto não é uma tentativa reacionária de desmerecer o trabalho. Ao contrário, é uma tese: Conviver com ele. Mesmo, ou principalmente, quando automático e cansativo, como dirigir em horas de rush, ou aguardar em intermináveis tardes chuvosas, que os senhores executados se dignem a abrir suas portas. Enquanto isso, abramos as “nossas portas”, as “portas da percepção”. Observemos, meditemos, divaguemos.
E da tese (trabalho) à antítese (ócio), surgirá a síntese, quiçá o equilíbrio entre a sabedoria (não mais o capital!) e o trabalho, pois afinal, como disse São Paulo “Quem não trabalha não come”.
Não deixemos ao espírito a frustração de não haver participado da evolução de nossa era, que não é só cerebrina no sentido da técnica e da ciência, mas também espiritual, a era da Paz e do Amor.
Mas, se não pudermos ou não soubermos, não importa. Trabalhemos. E, como repouso do espírito, sempre que possível, divaguemos...

*Publ. in “O Meirinho em Roteiro” (Jornal dos Servidores da Justiça do Trabalho da 2ª Região), jul/agosto/1981, pág.8.

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