sexta-feira, 3 de abril de 2009

LIBERDADE

Uma das questões primordiais para a humanidade é a da liberdade, a cujo respeito muito se tem escrito e em nome da qual tanto se tem lutado. Mas...será que a liberdade realmente existe? Quais serão seus limites? Será que todos – homens e mulheres, negros e brancos – conseguem exercer sua liberdade da mesma forma?
Afinal, o que vem a ser liberdade?
Bem, aqui poderíamos citar inúmeros conceitos de juristas, psicólogos, filósofos,sociólogos, todos voltados para a questão do ser, mas cada um olhando sob sua própria perspectiva. E este é o grande problema, porque embora a experiência da liberdade seja pessoal, ela tem sempre que ser abordada em sua relação com a totalidade.
O que quero dizer é que nossa liberdade cotidiana (familiar, cívica, social) encontra seus limites na liberdade do ‘outro’ e, se a desrespeitarmos, teremos que arcar com a punição decorrente, podendo até perder nossa própria liberdade de ir-e-vir (sendo impedidos de frequentar determinados lugares – como a sede social de um clube – ou até mesmo sendo encarcerados).
Mas a verdadeira liberdade não é apenas física, transcende os aspectos do dia-a-dia, é algo mais profundo, que encontra limites em nós mesmos (nossa fé, nossa moral, nossos condicionamentos), pois está relacionada com o nosso interior. Isto porque se nem sempre podemos escolher o “que” fazer, que depende de elementos externos (a lei, a sociedade, a organização familiar), podemos escolher “como” fazer, que é uma questão interna, nossa conosco mesmos.
Esse “como” abre um grande leque para a consciência humana, porque mesmo que não possamos escolher as contingências da vida, podemos escolher como vivê-las, podemos escolher o que pensamos e o que sentimos. E ainda que estivéssemos condenados à morte (e, na verdade, estamos), poderíamos escolher “como” morrer – com ou sem dignidade, com ou sem coragem, com ou sem paz -.
Enfim, viver é fazer escolhas, é exercer nosso livre-arbítrio, mas essa liberdade tem que ser exercida com responsabilidade, tem que levar o ‘outro’ em consideração. Temos que assumir nossas escolhas sem medo de errar, pois a liberdade torna-se sábia a partir dos erros, como ensina Pierre Grimal em seu livro “Os erros da liberdade”, mas quando errarmos devemos ter a honradez de reconhecer que escolhemos errado.
No dizer do famoso filósofo da existência, Jean Paul Sartre “estamos condenados a ser livres”, e isso se dá na possibilidade que só o ser humano tem de estar sempre “se fazendo”, se”recriando”, recomeçando...


*Publ. in Jornal do Ypiranga nº74, maio/1996, pág.5.

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